Relator vai alterar MP que cria empresa de serviços hospitalares05/05/2011
O relator da Medida Provisória 520, deputado Danilo Fortes, do PMDB do Ceará, vai deixar explícito no parecer que a transferência da gestão dos hospitais universitários para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares não poderá ferir a autonomia universitária. O relator anunciou as mudanças à MP que cria a empresa durante audiência pública da Comissão de Educação e Cultura. "Colocação clara do princípio da autonomia universitária, a lucratividade que a empresa tiver deverá retornar para investimentos na própria unidade hospitalar, a participação do Ministério da Saúde dentro do Conselho Administrativo, com clareza. A criação do controle social, da garantia que os dirigentes da empresa serão escolhidos pela comunidade acadêmica." O ex-diretor-geral do Hospital Universitário da Universidade de Brasília Gustavo Romero, que pediu demissão na segunda-feira em protesto contra a MP, afirmou que não houve discussão com a comunidade acadêmica e que a proposta não resolve os complexos problemas que envolvem o funcionamento de um hospital-escola. Um dos autores do pedido da audiência, o deputado Rogério Marinho, do PSDB do Rio Grande do Norte, considera que a proposta atinge a essência da autonomia universitária. Ele apresentou dados que mostram que o modelo no qual foi inspirada a MP, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, recebeu nos últimos anos o dobro de recursos de instituições que funcionam em cidades muito maiores. Marinho questiona por que o governo federal afirma que tem recursos para essa reestruturação dos hospitais, mas não usa para atender já as instituições. "Ela fere frontalmente o artigo 207 da Constituição. Porque ela cria uma nova estatal e essa estatal passa a ter autonomia inclusive para promover as ações pedagógicas e de ensino da instituição. E mais, ele diz o seguinte: na hora em que a estatal for estabelecida, está resolvido o problema de financiamento dos hospitais. Ora, se o governo tem o recurso para fazer isso, por que não o faz no modelo atual?" O representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior e novo diretor do Hospital da UnB, João Batista de Souza, afirmou que não está claro se as instituições que não aderirem à empresa continuarão a receber recursos do governo federal. "Hoje, as verbas são distribuídas mediante uma matriz. Então, temos uma matriz orçamentária, que verifica a quantidade de professores, de servidores, de atendimento. Então, se a universidade entender: eu tenho um modelo, eu quero fazer dessa forma, ela vai receber os recursos que a matriz destina a ela." O relator acredita que a MP estará pronta para ser votada na próxima semana. Clique aqui para escutar a reportagem. |
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