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Dilma: ágil, discreta e exigente

10/01/2011
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Com personalidade forte, petista dá seu toque pessoal até mesmo no gabinete

No pique. Na primeira semana de trabalho, a presidente já convocou principais ministros para discutir combate à miséria no Brasil

Uma semana de governo e a presidente Dilma Rousseff começa a ditar seu ritmo e seu estilo no Palácio do Planalto. A nova mandatária do Brasil mostrou até agora uma forma de gerenciar bem diferente de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente evitou aparições públicas, entrevistas coletivas e discursos. Pontual nos compromissos, Dilma já mostrou que não vai enrolar nas decisões mais importantes para o país. Logo nos primeiros dias de governo, reuniu seus principais ministros e anunciou um programa contra a miséria.

Nas reuniões, leva seu laptop, onde começa a armazenar as metas impostas para cada área do governo. A presidente promete ser rígida nas cobranças e quer ver a máquina funcionar de verdade. Se antes sentava do lado da cadeira do presidente, aconselhando Lula em assuntos importantes, agora, assume a ponta da mesa e terá que tomar as decisões por conta própria.

Nos primeiros dias do governo já chamou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para perguntar se havia "alguma bala na agulha" para deter a valorização do real. "O governo não pode ficar esperando as coisas melhorarem", teria dito a presidente. O ministro disse que o Banco Central já estudava, desde o ano passado, ações para controle da situação. Dilma pediu que Mantega entrasse, então, em contato com Alexandre Tombini, presidente da instituição. No outro dia, o Banco Central já anunciava a medida para combater a desvalorização cambial. É o ritmo empregado pela presidente.

A responsabilidade não assusta a petista, que também já mostrou seu estilo mais incisivo. Na última semana, chamou a atenção de Mantega por anunciar que seu governo vetaria qualquer aumento do salário mínimo acima dos R$ 540. A resposta teria sido direta: "ministro sugere, presidente é quem veta", disse.

Mudanças. No Palácio do Planalto, lugar onde a presidente passará grande parte do seu tempo pelos próximos quatro anos, as mudanças já começaram. Na mesa, no primeiro dia como presidente, Dilma colocou a foto da filha, Paula Rousseff. Nos próximos dias, ela deve mudar a decoração de sua sala. Quer trocar os móveis para tons claros, ao contrário das madeiras escuras que hoje ocupam o gabinete.

O computador ainda é o mesmo utilizado por Lula, como revelou ontem pelo Twitter a nova secretária de comunicação, Helena Chagas. "Embora goste de trabalhar com laptop, a presidenta não mudou o computador da mesa de trabalho. Continua sendo um desktop", afirmou. "Dilma também não tirou a bíblia do gabinete. A bíblia está na sala, em cima de uma mesa, onde, por sinal, a presidente já a encontrou ao chegar ao Planalto", revelou Helena. (Com Agências)

Para ontem

Pressa. A presidente não quer perder tempo. Ela trabalha, em média, 12 horas por dia e já começa a cobrar resultados de sua equipe. Tida como "estourada", ainda não explodiu com a crise entre o PT e o PMDB.

Planalto vai ganhando nova rotina
A primeira semana de Dilma como presidente foi marcada por diversas reuniões. Logo no primeiro dia no cargo, se encontrou com diversos chefes de Estado. Com ministros mais próximos começou a definir prioridades e metas para o governo.

A rotina pesada fez com que a presidente nem saísse do Palácio do Planalto para almoçar. Foi no gabinete mesmo que fez as refeições na última semana. A comida foi preparada na Granja do Torto. Dilma gosta de café coado na hora e de chá de flores, jasmim principalmente. É o que toma entre uma reunião e outra. Na copa do Planalto, gelatina à disposição. Quando fica até mais tarde, come um lanche, preparado na cozinha do Planalto. (MJN)

CAUTELA

Para especialistas, momento é de costuras políticas e ajustes

Brasília. Cientistas políticos afirmam que só daqui a três meses será possível fazer as distinções entre o estilo de Dilma, Lula e Fernando Henrique. Para os especialistas, a primeira etapa de governo é sempre dedicada às negociações e a aplacar as tensões entre os partidos aliados.

O cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto disse que negociar é a palavra de ordem. "Tem que negociar primeiro para depois aparecer nas cerimônias", afirmou. "Existe uma espécie de instituição informal – uma lua-de-mel que dura 100 dias – e, dependendo do que se faz, isso fica marcado para o resto do mandato. Existe uma parte de planejamento e execução de medidas para mostrar resultados o mais rápido possível", completou.

Nos primeiros oito dias como presidenta, Dilma recebeu, em seu gabinete, 14 dos 37 ministros que compõem sua equipe. Também houve tempo de conversar com os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB), da Câmara, Marco Maia (PT) e do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso.

Segundo o professor e cientista político Antônio Flávio Testa, depois dos 90 dias inicias do governo, Dilma já terá imprimido a sua própria maneira de governar. "Ela (Dilma Rousseff) vai ser mais pragmática e cobrar resultados. Acredito que ela vai ter um governo mais gerencial, com metas, como na administração privada. Já o Lula era iminentemente político", disse, lembrando que a presidenta terá de "saber lidar com as questões políticas".

Para Leonardo Barreto, a maior diferença entre Lula e Dilma será na forma de tomar decisões. "Lula escutava muito, raramente tomava uma decisão de forma autocrática", afirmou. "A formação política – o assembleísmo do sindicalista – fez com que ele tivesse uma forma compartilhada de tomar decisões", completou o cientista.

Companhia

Embrulha. Dilma não gosta de comer sozinha. Na última semana ligou para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, que estava almoçando. "Embrulha e vem comer aqui", convocou. aproveitou a refeição para tratar de assuntos do governo.

Descanso. Ontem, Dilma aproveitou o dia de folga para fazer uma caminhada leve na granja do Torto. Ela estava acompanhada de dois seguranças e um cachorro.


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