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Encontro nacional do coletivo de mulheres da CUT

19/08/2010
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Tatau Godinho apresentou um histórico da luta feminista e indicou os próximos passos

O encontro nacional do coletivo de mulheres da CUT começou nesta quarta-feira (18), na região central de São Paulo, com uma dinâmica de grupo em que trabalhadoras de 21 estados indicavam uma palavra que lhes definisse a personalidade: não por acaso, persistente foi o termo mais presente.

Para resgatar o histórico de persistência, a socióloga Tatau Godinho falou sobre os 100 anos da declaração do Dia Internacional das Mulheres. Durante a intervenção, ela destacou o início do movimento feminista a partir do século 19, resultado da herança da Revolução Francesa que colocou no centro do debate político a ideia de igualdade.

Ela lembrou que o movimento norteou os princípios de que não há fundamento biológico na desigualdade, de que os seres humanos decidem sua história a partir de si mesmos e não a partir de Deus ou da Igreja e de que organização do poder acontece a partir da organização social.

Direito de decidir

A partir de 1870, destacou, ocorreu a chamada primeira onda feminista, ocasião em que o debate era basicamente por direito ao trabalho, à educação e ao voto. A mobilização pela escolha dos representantes ganhou força especialmente a partir do início do século 20, quando a Segunda Conferência de Mulheres Socialistas, em 1910, culminou com a decisão de definir um dia internacional em que as socialistas lutariam pelo direito ao voto.

Até então, ainda não havia o apontamento de uma celebração mundial. Foi em 23 de fevereiro de 1917 – no antigo calendário ortodoxo russo, equivale ao 8 de março ocidental –, quando trabalhadoras têxteis resolveram entrar em greve e saíram às ruas, unindo forças com esposas dos soldados que estavam na 1ª Guerra Mundial e com as companheiras que comemoravam o Dia Internacional das Mulheres na Rússia, que a data passou a ser celebrada em todo o mundo. Portanto, a definição não está atrelada a um incêndio numa fábrica de tecidos em Nova Iorque, no ano de 1911, conforme costuma se contar.

Queda e ascensão – Para Tatau, a celebração foi perdendo força em organização e conteúdo ao longo das décadas. “A data que trazia reivindicações de independência e autonomia foi se transformando em uma mobilização oficial no mau sentido.”

Na década de 1970, com o início da segunda onda feminista, o 8 de março volta a ser destacado, porém, inicialmente rompia com a história das socialistas. “Coube às mulheres dos partidos de esquerda e do socialismo vincular novamente a data à luta”, disse.

Aborto e quebra de verdades absolutas

Questionada pelas trabalhadoras sobre a questão do aborto, a socióloga voltou a ressaltar que a mulher enfrenta o paradigma de que para ser inteira é preciso ser mãe. “O aborto envolve um problema sério para a sociedade: ao afirmar que queremos ter o direito de decidir sobre o aborto, deixamos escancaradas que queremos ter autonomia sobre nosso corpo e nos igualamos no controle de nossa sexualidade, além de enfrentarmos as imposições religiosas. Ser mãe é uma escolha de vida das mulheres, não uma marca de respeitabilidade política”

Tatau Godinho também falou sobre a educação dos filhos e o posicionamento como cidadã. “É difícil transmitir a cultura da igualdade, brigar o tempo todo com a família, com o companheiro, mas precisamos continuar negociando para transmitir a criação da resistência. Precisamos tentar desde jovens fazer com que entendam que a desigualdade continua existindo, mas sem repressão. A primeira tarefa é fazer com que os filhos tenham orgulho da mãe militante porque aí criaremos novos modelos de dirigentes”, acredita.


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