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Método importado para limpar a Pampulha

11/08/2010
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Há 60 anos, o Brasil sediava a Copa do Mundo e Belo Horizonte era uma das cidades-sede. Turistas que a visitaram para assistir aos jogos aproveitaram para conhecer o “concreto em curvas” às margens de uma lagoa. Encantaram-se. Nova edição do evento de futebol no país se aproxima, mas, desta vez, a exuberância da Pampulha não é a mesma. Os quase 80 dias de seca reduziram o volume de água da bacia e, de novo, uma crosta de poluição toma conta das bordas de um dos principais cartões-postais da capital, impregnando as obras de Oscar Niemeyer de um mau-cheiro capaz de deixar qualquer turista bem longe. Até setembro, a prefeitura conclui trabalho de análise de qual método será usado para tentar limpar a lagoa até a Copa’2014 e vai aos Estados Unidos em busca de tecnologia.

A mancha verde-musgo se alastra por vários quilômetros, passando pela Casa do Baile, Museu de Arte e Igreja de São Francisco de Assis, com mais de 10 centímetros de espessura em alguns pontos. Os marcadores do nível de água mostram que a falta de chuva na capital diminuiu bastante o volume da represa. Para tentar contornar o problema, agentes da prefeitura trabalham, desde segunda-feira, para remover a crosta. Em dois barcos, servidores tentam movimentar a água para dissipar a poluição, mas os motores das embarcações chegam a parar, tamanho o volume de sujeira.

Em até dois meses, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente deve concluir estudo para confirmar quais alternativas devem ser usadas para tentar despoluir a lagoa. Dois representantes da prefeitura viajaram a Miami (EUA), para conhecer o método de despoluição usado em rios nos últimos anos. Segundo o gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da secretaria, Weber Coutinho, a visita durou cinco dias, durante os quais foi apresentado à comitiva o método adotado em 2002 para acabar com a poluição.

A técnica norte-americana surtiu efeito na baía de Miami, uma das maiores atrações da cidade da Flórida. A sujeira havia afastado visitantes e muitos comerciantes que viviam do turismo na área chegaram a fechar seus negócios. Hoje, a realidade é outra. “O resultado é visível. A baía está limpa”, diz Weber Coutinho. A limpeza possibilita a prática de atividades como esqui aquático e remo e, segundo ele, restaurantes voltaram a ocupar a orla. Pelo processo norte-americano, barcos especiais são usados para insuflar oxigênio diretamente na água. Além disso, duas garras, num sistema de abre e fecha, jogam o lixo flutuante numa caçamba dentro da embarcação.

ESGOTO – A ideia da prefeitura é selecionar um método eficiente em até dois meses e implantá-lo até o início do ano que vem, para que a lagoa tenha condições de uso em esportes aquáticos até a Copa’2014. “O objetivo é que toda a bacia tenha a água classificada como nível 2, que permite às pessoas contato primário, para que possam praticar atividades como o remo”, explica Coutinho. Hoje, a classificação varia entre 2 e 4, dependendo do ponto. Mas, para garantir êxito ao projeto, é preciso que a Copasa retire 95% dos detritos lançados na bacia, passando pela Estação de Tratamento de Esgoto do Onça. A companha estatal, consultada sobre a demanda, não deu retorno.

Outra alternativa para a limpeza da lagoa é que seja usado processo chamado de biorremediação. Segundo Coutinho, é lançado um produto biológico na água, formado por micro-organismos decompositores. “Retirado o lixo, a lagoa iria se autorregenerar, mas a solução demoraria uns cinco anos. A proposta é acelerar o processo”, explica. 

PESCARIA – Morador da região, Vanderlei de Lacerda Amorim, de 43 anos, pesca na Lagoa da Pampulha desde garoto e garante: “Quando as embarcações passavam, era tanto peixe que eles até pulavam”. Hoje, ele ainda se diverte na represa mas, em vez de traíras, encontra sacos plásticos, garrafas PET, latas de cerveja e uma lista de entulhos. No período de seca, a água vira uma sujeira só. “Com a primeira chuva, até melhora”, diz. Mas ele ignora a poluição, indicada até nas placas instaladas às margens da lagoa, que avisam sobre os riscos da pesca nas águas impróprias. “Sempre comi peixe da lagoa. Dizem que tem metal pesado. É só tirar o filé. Acho que a sujeira fica no couro”, acredita.


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