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Viaduto das Almas fica para 2011

28/07/2010
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Obra que substituiria o macabro Viaduto das Almas sofre o sétimo adiamento e só deve ser concluída em maio. Novas intervenções vão custar mais R$ 13,9 milhões

A novela de aposentadoria do Viaduto das Almas ganha capítulo extra, com duração de pelo menos 210 dias. Depois de adiar por seis vezes a inauguração do novo elevado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) publicou edital destinado à contratação de empresa para “execução de serviços necessários à realização das obras de estabilização de taludes, melhoramentos de drenagem e segurança e recuperação de passivo ambiental e acessos ao viaduto Vila Rica, na BR-040”. O prazo dado à empresa para conclusão é de sete meses depois de assinatura do contrato, o que só deve ocorrer em meados de outubro. Com isso, a nova data de inauguração pode ser marcada para maio do ano que vem, já na gestão do sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de mais um adiamento, o processo licitatório representa aumento de cerca de 70% nos valores desembolsados pelo governo federal para a construção da variante. Com 3,6 quilômetros de extensão, o acesso custou R$ 19,5 milhões, e será necessário investir mais R$ 13.919.124,68 nos serviços de estabilização de uma encosta, o que resultou na paralisação dos trabalhos, como havia revelado o Estado de Minas. Os funcionários da empresa contratada para construir a variante já não são vistos no local. Outros R$ 20 milhões haviam sido gastos apenas para erguer o novo viaduto.

De acordo com edital publicado ontem no Diário Oficial da União (DOU), as propostas serão abertas em 26 de agosto, às 15h, na Comissão Geral de Cadastro e Licitações (CGCL), do Dnit, em Brasília. Aquela que apresentar o menor preço será escolhida para executar os serviços. Como ainda há prazo legal para recursos e análise das contestações após a homologação do vencedor da concorrência, o resultado da licitação deve se dar só em meados de outubro. O edital prevê obra de estabilização e contenção de taludes, escavação, carga e transporte de materiais, compactação de aterros, perfuração e execução de dreno.

O viaduto foi concluído há mais de um ano, mas o que parecia ser de simples resolução – a construção da variante – trava a liberação do complexo. Uma rachadura numa encosta, que terá que ser contida ou eliminada, provocou um desmoronamento na pista. No ano passado, uma falha geológica já havia causado uma erosão no km 593 da rodovia e obrigado o Dnit a alterar o traçado, pois seria mais barato mudar o percurso da nova estrada que neutralizar os efeitos do imenso buraco.

O novo elevado, batizado como Viaduto Márcio Rocha Martins, substituirá o macabro Vila Rica e tem como principais características ser reto e largo. O antigo pontilhão, por onde trafegam cerca de 15 mil veículos diariamente, foi construído na década de 1950 para ser o “charme” da antiga BR-3. Mas o traçado em curva acabou por ser o ponto crítico motivador de vários acidentes. Além disso, a ponte tem só nove metros de largura e uma faixa em cada sentido, o que põe em risco motoristas que se cruzam numa altura superior a 30 metros. Já o novo elevado tem 21 metros de largura.

ANÁLISE DA NOTÍCIA

Um, dois, três… sete. Sete adiamentos. Erros de cálculo, de análise geológica e até desentendimento com a natureza inviabilizaram a entrega do elevado projetado para substituir o macabro Viaduto das Almas, ou Vila Rica, na BR-040. Um rosário de falhas inadmissíveis para o alto grau de eficiência que a tecnologia alcançou. Mais e mais dinheiro investido em um serviço interminável. Um desrespeito ao contribuinte. Um acinte a que quem sonha cruzar um estreito córrego sem se expor ao perigo, como fizeram tantos outros que perderam a vida ou que até hoje guardam sequelas de graves acidentes. Quantos mais o velho Vila Rica vai matar até maio? Isso se o prazo de entrega do novo elevado for cumprido. Uma vergonha que expõe o governo federal à descrença, já que essa seria a única grande obra viária que ele inauguraria em Minas neste ano eleitoral. E ninguém nem sequer vem a público pedir desculpas, porque uma explicação convincente não houve, não há nem haverá. (Arnaldo Viana)


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