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A vacina sumiu

24/03/2010
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A maior esperança daqueles que não querem entrar na estatística de mortes pela gripe suína foi abalada, ontem, na segunda etapa da campanha de vacinação contra a doença. Embora a fila de gestantes e mães de menores de 2 anos nos postos de saúde de Belo Horizonte mostrasse confiança na campanha, que promete proteção contra o mal que já matou quase 2 mil brasileiros, centenas de pessoas ficaram sem imunização, entre elas, os alvos mais frágeis: crianças e grávidas. A injeção faltou em 49 postos, dos 147 disponíveis na capital. A reposição, segundo autoridades de saúde, é feita aos poucos pelo governo federal e a expectativa é de que novo lote chegue hoje, depois do meio-dia.

Cartazes sobre a importância da vacinação estão afixados nas portas das unidades de saúde. O Estado de Minas percorreu três postos na Região Norte e não havia vacina em nenhum. No Bairro Primeiro de Maio, a recepcionista informou que faltaram doses até para os médicos e que, ontem, não haveria vacina para ninguém. No centro de saúde do Bairro Providência, grávidas e crianças faziam fila sem saber se seriam imunizadas. “Vim hoje (ontem) porque fiquei com medo de acabar e meu filho ficar de fora. Deixei meus outros dois meninos na escola e corri para ser uma das primeiras no atendimento”, disse Kelly Palhares, mãe de Mateus, de 2 anos.

Ansiosa para vacinar o menino, Kelly dizia, enquanto aguardava, que essa é a única esperança para quem quer ficar longe da doença. “Esse vírus é perigoso e o melhor é evitá-lo.” Depois de esperar por uma hora, ela e Mateus foram chamados à sala de vacinação do posto foram comunicados de que não haveria imunização, pois não chegaram as doses sem adjuvantes – substância que aumenta o poder da injeção e, por ser mais forte, não está presente na vacina para gestantes e menores de 2 anos.

A fila de gestantes e bebês ficou grande no posto do Providência. Ana Luíza Gabriele de Oliveira, de 8 meses, no colo da mãe, Sônia da Conceição, também não pôde ser vacinada. Narjara Daiane dos Santos, grávida de cinco meses, estava pronta para fazer muitas perguntas a quem a vacinasse. Ela, que venceu o medo da injeção, contou que muitas amigas não acreditam no poder da dose. “Vim pensando no meu filho. Muitas gestantes morreram por causa da doença”, disse. “É um absurdo. Esperamos todo esse tempo para chegar na hora H e não achar a vacina”, reclamou uma das gestantes, que não quis se identificar.

De acordo com a gerente de Vigilância em Saúde e Informação da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Maria Tereza da Costa Oliveira, a dose direcionada a crianças e gestantes, por não conter o adjuvante, faltou no primeiro dia da campanha em um terço dos 147 centros de saúde da capital. “O Ministério da Saúde comprou milhões de doses, mas elas são entregues aos poucos. Pensamos que todas chegariam até sexta-feira, mas faltou uma parte.” Por isso, a SMSA precisou fazer um remanejamento na distribuição dos lotes. “Fizemos uma readequação, tirando algumas vacinas de alguns postos para pôr em outros. Foi um pequeno atraso, que amanhã (hoje) será resolvido”, garante, não descartando a hipótese de prolongar esta etapa da vacinação, prevista para terminar em 2 de abril. “Se necessário, vamos fazê-lo. Mas vai dar tudo certo. Belo Horizonte tem tradição em campanhas.”

HOSPITAIS A novela da falta de vacinas não é só nesta etapa. De acordo com o infectologista e integrante da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, na primeira fase, que começou dia 8 e terminou na sexta-feira, faltaram doses para trabalhadores de saúde e grupos indígenas. “Nem 40% dos que deveriam ser vacinados conseguiram.” Em um hospital particular da capital, dos 500 médicos que deveriam ser imunizados, apenas 46 conseguiram. Na Santa Casa de Misericórdia, para a qual foram pedidas 3 mil doses, apenas 27% dos trabalhadores foram protegidos.

Sobre essa demanda reprimida, Maria Tereza defende que, dentro dos grupos da primeira etapa, há profissionais de saúde que vão ser vacinados durante toda a campanha. “Sabemos que a maioria dos médicos está entre 20 a 39 anos, ou seja, vão se vacinar na terceira e quinta fases (veja quadro). A intenção agora é imunizar aqueles que estão na linha de frente contra o vírus.” No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG), referência para casos de gripe suína, não faltou vacina.

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

Até 2 de abril

Deverão procurar postos de saúde e entidades credenciadas os portadores de doenças crônicas (respiratórias, cardíacas, diabéticos, obesidade mórbida e portadores de doenças hepáticas e renais), exceto idosos.

Crianças de 6 meses a 2 anos, que receberão duas meias doses, sendo a segunda a partir de 21 dias depois da primeira aplicação.

Mulheres que engravidarem depois de 2 de abril poderão ser vacinadas nas etapas seguintes da campanha

De 5 a 23 de abril

A vacinação será para a população adulta saudável, de 20 a 29 anos

De 24 de abril a 7 de maio

Pessoas com mais de 60 anos vacinam-se contra a gripe comum. Somente aqueles com doenças crônicas serão imunizados contra a gripe suína.

De 10 a 21 de maio

Vacinação para a população de 30 a 39 anos

Fonte: Ministério da Saúde
 


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