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O retrato dos funcionários da UnB

25/05/2012
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O funcionamento da Universidade de Brasília (UnB) depende do trabalho diário de 2.609 servidores técnico-administrativos. Apesar de conviverem em um ambiente acadêmico, cercados por professores conceituados, apenas 37 possuem doutorado: 21 mulheres e 16 homens. “Estamos trabalhando com uma política de direitos. As pessoas precisam entender que o perfil de profissionais da universidade só mudará com capacitação”, afirma Gilca Starling, decana de Gestão de Pessoas.

Em um ano, o número de servidores com graduação, mestrado e doutorado aumentou em 12%. Em 2010, eram 1.299 funcionários. Atualmente, são 1.462. Gilca acredita que o modelo de trabalho da universidade precisa mudar. Para ela, a base precisa estar pautada na organização e na avaliação de desempenho. “Devemos modernizar a lógica desse processo. Quando falamos em avaliar, não estamos nos referindo a punir. A intenção é adquirir melhorias na gestão, inclusive com a capacitação”, explica.

Uma das mudanças é a diminuição da jornada de trabalho para 30 horas semanais. A alteração busca dar ao servidor mais mobilidade, retenção, organização do trabalho e qualidade de vida. “É fundamental ter uma gestão compartilhada. O trabalho não deve ser apenas normatizado, deve ser construído pelo diálogo”, afirma.

Ana Grilo/UnB Agência

A implementação da carga horária é uma demanda histórica dos servidores. “Essa alteração é um ganho muito importante para o servidor e para a universidade. Nossos salários são os menores do Poder Executivo. Com a mudança, o técnico-administrativo terá mais tempo para se dedicar a cursos de pós-graduação, por exemplo”, afirma Mauro Mendes, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub).

MODERNIZAÇÃO – Apesar das cifras nos contracheques dos técnicos serem as menores da Esplanada dos Ministérios, Gilca afirma que essa não é uma política de compensação salarial. “A possibilidade da redução foi criada para modernizar o trabalho e beneficiar a instituição e não só o servidor”.

A insatisfação com a remuneração fez com que os técnicos decidissem cancelar as tradicionais comemorações do Dia do Servidor, organizada anualmente pela categoria. "A desvarolização é tanta que não vemos razões para isso", desabafou Mauro.

Segundo ele, a falta de incentivos financeiros interfere no tempo de permanência dos servidores na instituição. Os funcionários são efetivados no quadro da UnB e logo procuram outras seleções públicas. “Uma das consequências dos baixos salários é a alta rotatividade”, afirma sindicalista.

Na UnB, o primeiro contracheque de um servidor com formação de nível médio é de R$ 1.473,58. O valor pode chegar a R$ 2.885,45, de acordo com o tempo de trabalho e a realização de capacitações. A remuneração para os funcionários de ensino superior varia entre R$ 2.989,33 e R$ 5.650.

No último concurso público da Advocacia-Geral da União, realizado em 2010 para cargos administrativos, o salário inicial para nível médio é de R$ 2.851,44, enquanto os de servidores com ensino superior a remuneração é de R$ R$3.730,31. 

PROFESSOR E SERVIDOR - Há cinco meses de se aposentar, João Alves Evangelista, 57 anos, trabalha na UnB desde 1979 como auxiliar administrativo, cargo que exige nível médio. A vontade de fazer uma graduação foi atropelada pelo tempo. “Se eu não estivesse tão perto de me aposentar, tentaria me graduar”, afirma. Porém, as inúmeras oportunidades de cursos de capacitação foram bem aproveitadas. “Fiz vários cursos. Nunca deixei de me interessar pela universidade e por aprender”.

Mariana Costa/UnB Agência

O técnico é reconhecido por professores e alunos da Faculdade de Agronomia e Veterinária (FAV), onde trabalha há 13 anos. “Sempre que uma turma se forma recebo uma plaquinha de prata em minha homenagem”, conta orgulhoso. O relacionamento com professores, estudantes e outros servidores é outro meio de aprendizado apontado por ele. “A morada da gente é onde trabalhamos. Em casa, só vamos à noite. Então, a gente precisa conviver bem. Ajudo a eles e eles também me ensinam”, afirma.

Áurea Godinho Torres (primeira foto), é secretária da direção da Faculdade de Educação Física (FEF) e prestadora de serviço há 13 anos. Ela é categórica ao afirmar que possui excelente relacionamento com os professores. “Na minha unidade, os docentes respeitam o nosso trabalho”, afirma. “Porém, a gente sabe que em outros locais alguns professores acham que os técnicos estão à disposição para servi-los e só”, conta.

Gilca afirma que o papel do servidor não é reconhecido por todos. “É preciso conhecer a estrutura da universidade e saber que servidores, professores e alunos são fundamentais para o funcionamento da instituição. Um exercício importante é se colocar no lugar do outro”.

 


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