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Soberania popular no campo e na cidade

02/05/2012
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A praça da Assembléia Legislativa de Minas Gerais recebe entre os dias 27 e 30 de abril  o IV encontro de Movimentos Sociais  com o tema“Por um projeto Popular para o Brasil: em defesa dos nossos direitos, contra as privatizações”. Diariamente ocorrem mesas de debates além de diversas plenárias envolvendo os mais diferentes seguimentos organizados como juventude, as mulheres, o movimento de diversidade sexual, entre outros. Na tarde deste domingo (29) foi realizado o painel Soberania: reformas estruturais e Rio + 20 onde participaram diversas organizações debatendo alternativas frente à força destruidora do capital que submete as nações e empobrece seus povos.

Soberania popular no campo e na cidade

O primeiro a falar foi Leonardo Péricles, membro da coordenação nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) que apresentou dados sobre o déficit habitacional do Brasil, a velocidade com que se ampliam o número de favelas e ocupações urbanas no país bem como a relação direta deste cenário com a especulação imobiliária. “Precisamos lutar por uma cidade que esteja a serviço da vida e não do lucro, que atenda as necessidades das pessoas, que respeite seus direitos”, defendeu.

Lembrou com entusiasmo a ocupação Eliana Silva feita há nove dias. “Não podemos esquecer que toda a luta pela reforma urbana tem que ser acompanhada de um projeto estratégico. Somente teremos uma cidade que sirva ao povo quando o capital for derrotado e os trabalhadores construir o socialismo”, enfatizou.

Também agitando a bandeira da Reforma Urbana, Pedro Otoni, membro da coordenação das Brigadas Populares, lembrou que “as reformas tem a ver com o destino do país e isso tem ver essencialmente com soberania, ou seja, a capacidade de um povo decidir seu próprio destino”. Ainda lembrou outras importantes reformas como a Política e Judiciária, que tem ver com a desconcentração do poder e a luta contra a criminalização das lutas sociais, mas ressaltou que é preciso dar um sentido estratégico as estas reformas que devem acompanhar o ânimo e a experiência das lutas do povo.

Neste mesmo sentido emendou Márcio Camargo, do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) falando do papel histórico das crises no capitalismo acrescentando que a soberania tem a ver com autonomia, controle e poder e que todas as reformas são necessariamente estruturais e que elas têm que ser acompanhadas de um projeto de sociedade. “Temos o grande desafio de reunir os trabalhadores e trabalhadoras em torno deste projeto, algo que este IV Encontro contribui de forma decisiva em Minas Gerais”, concluiu.

Ampliando o debate para o campo, Ênio Bonemberg, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) falou do processo histórico de luta dos trabalhadores por soberania do campo. Para ele a Reforma Agrária é necessariamente uma bandeira de todos os trabalhadores e não apenas dos camponeses e está inserida decisivamente na luta das classes. “Soberania passa pelo domínio do território e isto não existe no Brasil visto a forma como organizamos a agricultura e a exploração dos bens naturais”. Para Ênio todas as transformações devem passar pela efetiva participação das massas populares cujo ânimo e criatividade irão ter papel fundamental.

Luta ambiental e Rio + 20

Maria Tereza Corujo, membro do Movimento pelas Serras e Águas de Minas, trouxe o debate sobre o avanço do grande capital sobre os bens naturais, sobretudo no que se refere a mineração. Tereza relatou os diversos impactos sociais e ambientais do atual modelo de mineração do estado, insistindo que “há um discurso comum que a mineração é boa para todos e isto não é verdade”.

Falou do processo de resistência a implantação de uma grande mina da Vale na Serra da Gandarela que impediu a mineradora de abrir sua segunda maior mina do país em uma região fundamental para o abastecimento de água de alta qualidade para a Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Estamos lutando para que não se repita esta loucura como aconteceu no Pará. Por isto queremos a criação do Parque Nacional da Serra da Gandarela, um projeto fruto da persistência de lutadores que há cinco anos barram um empreendimento que para a Vale era dado como certo”, afirmou.

Na esteira do debate ambiental, Soniamara Maranho, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), falou da realização da Rio + 20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro em junho de 2012. Um evento fundamental onde os capitalistas vão propor formas de fortalecer sua dominação buscando receitas contra a crie estrutural tendo como discurso oficial a busca por uma “economia verde”.

Sônia lembrou que para fazer frente à Rio + 20, os movimentos sociais do campo e da cidade irão se reunir na Cúpula dos Povos onde será debatido o projeto alternativo dos trabalhadores. “O capital vem ao nosso país ao buscar petróleo, madeira, biodiversidade, hidroenergia e terras férteis. Isso anula nossa soberania. A Cúpula dos Povos será um momento de construir uma resistência coletiva contra esta investida fazendo a denúncia das contradições do sistema e apresentando alternativas para construirmos uma verdadeira soberania popular”, concluiu.


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