É alto o uso de drogas entre vítimas de homicídio, diz estudo20/09/2011
Análise de necropsias de 1.010 vítimas de homicídios ocorridos em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, entre 2004 e 2007, revela que 43% apresentavam traços de cocaína ou maconha no sangue. O percentual de vítimas com presença de drogas ilícitas na corrente sanguínea é mais que o dobro do verificado entre as que apresentaram apenas álcool – 19%. A pesquisa foi realizada pela epidemiologista Márcia Dayrell, junto ao programa de pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG. “Este é um dos primeiros trabalhos desse tipo no Brasil”, afirma a professora orientadora da pesquisa, Waleska Caiaffa, da equipe de coordenação do Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte (OSUBH), que funciona na Faculdade. Para a autora, Márcia Dayrell, esse é um passo importante para mudar a maneira como os sistemas de saúde e de segurança pública se relacionam. “A violência é vista hoje como um problema apenas da segurança pública. Mas a saúde sempre discutiu a questão da droga. É importante que também se preocupe com o contexto no qual ela se insere”, afirma. Um fato preocupante apontado pela pesquisadora, do ponto de vista do conhecimento sobre a circunstância das mortes, foi o percentual de 15% sem a realização dos exames. Isso sugere que o momento do óbito pode ter ultrapassado o período previsto para detecção das drogas no indivíduo e, portanto, uma importante circunstância ficou desconhecida. Estes óbitos que não foram examinados também apresentaram perfis muito peculiares: a maioria ocorreu em estabelecimentos de saúde e, relativamente aos outros grupos, havia um maior contingente de mulheres. “Talvez pressuponham uma menor probabilidade da mulher usar droga”, avalia a epidemiologista. Informação Márcia Dayrell defende ainda a continuidade do estudo como forma de buscar respostas para algumas das questões levantadas com o material disponível até o momento. “Se aprofundássemos a análise seria possível tentarmos entender, por exemplo, características sociais de populações mais afetadas por esse problema, dentre outras informações importantes para entender como se dá a configuração da violência dentro de um território”, explica. Serviço (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina) |
|