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Ato em homenagem às vítimas do golpe militar de 1964 encerra o Congresso da CUT-MG

01/04/2017
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Em manifestação denominada Caravana da Resistência, que marcou os  53 anos do golpe militar e também encerrou o Congresso Extraordinário da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG), realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), desde a sexta (31), movimentos sindical, sociais, populares e estudantis realizaram intervenção no antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no final da tarde de sábado (1º). Os manifestantes, que participaram do Ato Memória, Verdade e Justiça deixaram a Assembleia Legislativa, por volta das 16 horas, e saíram em marcha até o prédio que fica na avenida Afonso Pena, 2.331, bairro Funcionários, e foi um dos centros de repressão de movimentos sociais e opositores durante a ditadura militar. Durante o ato, os manifestantes lembraram que vivemos novamente numa conjuntura golpista, que só vai derrotada com unidade e muita luta.

Após declamações de poemas e relatos de torturados pela ditadura militar, mortos e desaparecidos durante o regime de exceção foram lembrados e homenageados. No ato, jovens apresentaram fotos e a história de diversos militantes que combateram o regime militar.

 O secretário de Estado de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, anunciou que o Museu de Memória, Verdade e Justiça , que ocupará o prédio que atualmente abriga o Departamento de Instigação Antidrogas da Polícia Civil, será inaugurado em 31de março de 2018. Nilmário esteve preso por 32 dias no Dops, em 1968, por distribuir panfletos considerados, na época, subversivos.

“Aqui era o Dops. Este prédio foi inaugurado em 1958. E deixou e de ser o Dops em 1989. Ele vai virar Memorial. O Dops perseguia dissidentes políticos e militantes sociais. E vai ser transformado, em 31 de março de 2018, em Memorial, como um símbolo da descriminalização dos movimentos sociais. Aqui, Luiz Dulci ficou preso por um mês, quando fundou a União dos Trabalhadores em Educação (UTE), que se tornou o Sind-UTE/MG. Aqui eu fiquei preso por 32 dias, em 1968, e encontrei o Betinho Duarte. Fui condenado a três anos de prisão por distribuir panfletos”, disse Nilmário Miranda.

“Fui preso pelos agentes do Dops em 1968 e espancado barbaramente. Escreveram ‘veado’ nas minhas costas e me soltaram de cuecas na rua. Depois fiquei detido em Linhares por quatro anos e meio”, disse Marco Antônio Plei. “Me prenderam em Belo Horizonte, fiquei no Dops e, depois, no 12º RI, e fui levado para Juiz de Fora”, revelou Jorge Pimenta.

“Quero elogiar a CUT pelo Congresso e por este ato e também agradecer à Vera Lima, pelos banners com os nomes e fotos dos torturados, mortos e desaparecidos. Fui preso em maio de 1968 neste prédio, porque participava de uma passeata. Aqui em conheci o Nilmário Miranda. Fiquei 30 dias preso e, mesmo absolvido pela Lei de Segurança Nacional por falta de provas, não consegui mais emprego”, afirmou Betinho Duarte.  “Também estive hospedado nesta casa em 1975 e fui barbaramente torturado. Dez dos meus companheiros de prisão foram mortos”, disse Marcos Fernandes.

“Criamos a União dos Trabalhadores em Educação, que não podia, naquela época, se chamar sindicato. Em 1980, houve uma repressão muito dura, durante uma greve em que ocupamos a Assembleia Legislativa. Fomos presos e dois de nós já morreram e gostaria de homenageá-los: Luiz Fernando Carceroni e Isis Magalhães. Ficamos 30 dias presos. O mais emocionante é que centenas de professores e estudantes se revezavam em vigília na frente do Dops. Fomos julgamos pelo Superior Tribunal Militar e não fomos condenados. Durante nove dias fizemos greve de fome e fomos atendido pelo Célio de Castro, que depois foi prefeito de Belo Horizonte”, afirmou Luiz Soares Dulci.

"O Dops foi um dos principais locais de tortura em Minas Gerais. A intervenção é uma forma de chamar atenção para o descaso com a história de centenas de brasileiros que enfrentaram o período ditatorial", afirma Luciléia Miranda, do Levante Popular da Juventude.

Fonte: CUT-MG/Rogério Hilário


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