SINDIFES FASUBRA Central Única dos Trabalhadores

Mulheres do campo e da cidade se mobilizam na Assembleia Legislativa

08/03/2016
Impressão amigávelImprimir Gerar PDFPDF


Encontro Estadual tem como temas o crime ambiental de Mariana, violações de direitos, violência, discriminação, desigualdades e defesa da democracia

Centenas de dirigentes e militantes dos movimentos sociais e sindical participam, nesta segunda-feira (7) e nesta terça-feira (8), do Encontro Estadual de Mulheres do Campo e da Cidade, que tem como principais temas os efeitos do crime ambiental de Mariana sobre as mulheres e as violações de direitos. Elas estão acampadas em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), região Central de Belo Horizonte. Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Minas Gerais (Fetraf-MG/CUT), Levante Popular da Juventude, Feataemg, GT de Gênero da Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), entre outras entidades, organizam e coordenam o Encontro.

Com um ato como tema “Mulheres contra a lama que violenta e mata: Somos todas atingidas” as atividades se iniciaram na manhã desta segunda-feira (7) com uma mesa de debate sobre a conjuntura nacional e se estende até a tarde desta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, com uma manifestação nas ruas da cidade. A concentração começará às 16 horas, na Praça da Liberdade, com marcha até a Praça da Estação, onde a mobilização se encerrará com um ato cultural. Além de servir para dialogar com a população os efeitos do crime ambiental de Maria sobre as mulheres, a luta contra violência, a violação de direitos, o machismo, a discriminação e as desigualdades, a manifestação terá como temas a luta contra o golpe e a defesa da democracia.

A mobilização, que já é tradicional na semana do dia 8 de março, reúne mulheres de diversas regiões do estado e neste ano tem como objetivo denunciar todas as formas de violações historicamente cometidas contra as mulheres pelo sistema capitalista, imperialista e patriarcal.

“As fotos e as imagens que vimos não representam o sofrimento das mulheres com o crime ambiental da Samarco em Mariana e na Bacia do Rio Doce. Estivemos lá e sentimos como a tragédia afeta a vida das mulheres, que sofreram mais os efeitos. Vivemos uma conjuntura em que a água se tornou uma bem ainda mais precioso lá. E, por tudo isto, enfrentamos uma série de desafios. O que aconteceu em Mariana se encaixa em tudo que discutimos no momento. Mariana trouxe um grande alerta sobre a negligência com a segurança, com a vida e com o meio ambiente. A empresa, apesar da queda do preço do minério, lucrou R$ 2,8 bilhões e distribuiu R$ 2 bilhões aos acionistas. E o Estado recebe muito pouco. Foi uma tragédia anunciada. E, no inquérito feito pela Polícia Civil, a mineradora alega abalo sísmico. E não foram 19 vítimas, 17 mortos e dois desaparecidos. Uma mulher sofreu aborto, ao tentar salvar os filhos e escapar da lama. Esta morte é ignorada pela Samarco e pela imprensa”, disse Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT/MG, ao fazer análise conjuntura.

“Esta conjuntura nos exige muita disposição de luta. Temos muitos desafios e um deles é a desconstrução do ódio à política, que faz com que os que atualmente cuidam da política possam tratar dos interesses privados. Este é o momento de discutir a política do Estado, do município, da sua área rural para, assim, definir a nossas vidas. Outro desafio é enfrentar a política de intolerância, construindo diálogos, e andemos com nossas bandeiras, nossas camisas”, acrescentou a presidenta da CUT/MG.

Para Beatriz Cerqueira, os desafios de lutar contra o retrocesso e em defesa das pautas positivas também precisam ser encarados. “A pauta do pré-sal, com o PLS 131, é um prejuízo para o nosso futuro. Ela atinge diretamente a classe trabalhadora. O direito da mulher fazer o que bem quiser do seu corpo é outra pauta que vai requerer muita disposição e união contra o conservadorismo. A retirada de direitos está representada pela reforma da previdência, cujos alvos são as mulheres, as educadoras e as trabalhadores rurais. E precisamos enfrentar também a terceirização. Na pauta positiva, temos que defender a nossa proposta de reforma política e uma reforma tributária, para que os trabalhadores deixem de ser penalizados com a carga de impostos, em detrimento de ricos, fortunas e bancos. Temos ainda a reforma urbana, a reforma agrária e a democratização dos meios de comunicação”, afirmou Beatriz Cerqueira.

“Muitas mulheres do campo estão aqui pela primeira. Vieram trazer suas experiências e se solidarizar com as companheiras de Mariana. Vamos mostrar como impedimos a mineração em Simonésia. Lá são as mulheres que protagonizam esta discussão. Nosso discurso é que não cabem no mesmo lugar a agricultura familiar, com pequenos agricultores, e a exploração do minério”, disse Lucimar de Lourdes Gomes Martins, secretária de Mulheres da CUT/MG e dirigente da Fetraf-MG/CUT.
“Hoje aqui a gente tem a presença de mulheres do campo, da cidade, de diversas Federações e Centrais, trabalhadoras de movimentos sociais diferentes. Esse 8 de março unificado não só revela a diversidade das mulheres em Minas, mas também é a expressão na nossa capacidade de auto-organização”, comemora Liliam Telles, representante da Marcha Mundial das Mulheres.

Sônia Mara Maranho, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e uma das coordenadoras do ato, explica que o crime socioambiental ocorrido em Mariana, uma das pautas da luta, é símbolo das violências sofridas pelas mulheres. “Entendemos que a crise do sistema coloca em xeque a vida das mulheres de toda bacia do rio doce e nós mulheres de minas gerais e de todo Brasil temos a ver com isso, porque isso pode vir a acontecer em outros lugares e é um exemplo das violações que acontecem hoje na vida das mulheres.”, diz.

O enfrentamento do conservadorismo é também uma das bandeiras de luta das integrantes. “Queremos afirmar também que somos contra o golpe e em defesa da democracia. Mas ao mesmo tempo nós mulheres não queremos perder nenhum direito historicamente conquistado. Então vai esse recado para o Governo também”, ressalta Sônia Mara.


Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Quem Luta, Educa


Sistema Jurídico






  

Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino Universidade Federal de Minas Gerais CEFET-MG Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Instituto Federal de Minas Gerais
Desenvolvimento: DataForge | Najla Mouchrek      | 2014 | Sindifes | Todos os direitos reservados