SINDIFES FASUBRA Central Única dos Trabalhadores

Carta do SINDIFES ao Comando Nacional de Greve da FASUBRA

26/05/2014
Impressão amigávelImprimir Gerar PDFPDF


“O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e existe somente enquanto o grupo se conserva unido.” [Hannah Arendt]

Desde o final de 2013, a FASUBRA, por meio das suas instâncias, veio gestando uma greve para o ano de 2014. Num primeiro momento, havia a perspectiva de construção de um movimento unificado com os demais Servidores Públicos Federais (SPF´s), tendo em vista que mais categorias paralisadas e unidas aumentariam a força dos movimentos paredistas. Porém, diferentemente das avaliações iniciais, as outras categorias descartaram a greve unificada. Num ano atípico, o risco poderia facilmente ser calculado e a opção da maioria dos SPF´s foi pelo recuo estratégico.

A FASUBRA, apostando no seu poder de fogo, reiterou numa Plenária, em fevereiro de 2014, a sua disposição para a greve, e se colocou novamente como vanguarda dos SPF´s. Suas bases, amplas e diversas, conseguiram convergir num discurso da necessidade de realização de uma greve vitoriosa. Motivos não nos faltavam: o governo não havia cumprido a íntegra do acordo firmado em 2012, o que colocava a Federação em posição vantajosa, exigindo apenas o cumprimento daquilo a que tinha direito. Havia, ainda, a insatisfação com o acordo financeiro resultante da negociação de 2012, principalmente porque, como não houve qualquer reposição decorrente das greves de 2005 e 2011, a Categoria dos TAE’s (Técnicos Administrativos em Educação) das IFES (Instituições Federais de ensino Superior) se encontra com os salários mais defasados que os dos demais servidores.

Cenário pronto, ao se tentar construir uma pauta consensuada, descobriu-se o óbvio: não havia qualquer apelo financeiro nas reivindicações e elas, de fato, não seriam atraentes, principalmente para mobilizar os novos servidores, que reivindicam melhores salários, mais compatíveis com os demais órgãos do serviço público. A solução foi o acréscimo/reforço de alguns itens, que pudessem dar um “gás” a uma pauta bastante conceitual.

Embora houvesse divergências nas avaliações conjunturais sobre o momento da greve, motivação, perspectivas e possibilidades, conseguiu-se o que se espera da direção de uma entidade forte e representativa como a FASUBRA. A união dos objetivos comuns, que permitiriam o caminhar juntos, numa greve solitária e que, por isto mesmo, deveria ser solidária.

Programada durante três meses, introduziu-se uma modificação na prática habitual da FASUBRA – que é de negociar, esgotar caminhos, entrar em greve –, definindo-se por um método diferenciado: marcar a data da greve e, em seguida, forçar a abertura do processo negocial. Surpreendentemente, o governo entrou no jogo e abriu a negociação da pauta protocolada pela Federação. Aliás, num tempo recorde, já que as famosas “mesas de enrolação”, que se arrastaram durante todo o ano de 2013, tiveram consequência em menos de um mês! Sem dúvida, foi o resultado da firmeza e força demonstradas pela FASUBRA e pelo aparente desejo do governo federal de não se fragilizar e desgastar durante um ano eleitoral.

Entretanto, mesmo cacifadas numa disputa, a vaidade e a percepção equivocada das correntes que compõem a Federação jogaram por terra um esforço que poderia ser coroado de êxito e capitalizado como uma importante vitória da FASUBRA e da Categoria! Numa atitude derrotista e divisionista, dois campos distintos da Federação vão a público expor sua incapacidade de exercer a mais elementar das funções de quem se dispõe a fazer política: o exercício do diálogo e de construir juntos uma alternativa que direcionasse e orientasse a Categoria, e que não reproduzisse nas bases as brigas internas e fratricidas e a sensação de déjà vu, de uma história que não teve final feliz - a greve de 2011.

O campo cutista esboçou uma tentativa de análise dos aspectos da pauta, que segundo seus representantes, foram efetivamente negociados com o MEC (Ministério da Educação). Pecou por capitular imediatamente ao governo, num afã de resolver na “canetada” os problemas da Categoria, não oferecendo possibilidades de caminhos alternativos, de novas rodadas de negociação, e sem propor as estratégias a serem seguidas num cenário diferenciado, mas que respeitasse as deliberações das instâncias da FASUBRA, posto que a greve já estava com data marcada para deflagração em várias IFES.

O campo integrado pelo “Blocão” - PSTU, PSOL, PSLIVRE, UNIDOS PRA LUTAR e outros =, que tem maioria na direção da FASUBRA, assim como tem feito frequentemente, se omitiu de realizar uma análise da proposta do governo, apontando para as generalidades que fazem parte do discurso panfletário e que caracterizam as suas “análises de conjuntura”, vazias de conteúdo, estéreis, cheias de chavões e frases feitas, sem qualquer esboço de orientação. Não se deu conta de que não foi o texto publicado que alimentou as bases, e sim a falsa impressão de grande parte da Categoria de que seria possível avançar na pauta, e até mesmo conquistar ganhos financeiros. Um engodo, mas que é utilizado para enganar quem tem esperanças e, acima de tudo, crença na Federação. Inclusive, membros desse bloco, desconsideraram a importância dos possíveis pontos negociáveis pelo governo, tal como a Paridade nas eleições para dirigentes das IFE’s, o que interessa a muitas bases, inclusive a da UFMG.

A CTB - Central dos Trabalhadores do Brasil – PCdoB, também produziu uma análise, que não foi publicada no Informe de Direção (ID) da Federação, pois segundo posição oficial, “o grupo perdeu o prazo”. Sua avaliação efetivamente apresentava uma proposta clara que, na ocasião, poderia ampliar o diálogo para manutenção da unidade da Categoria na ação, um exercício fundamental para que o movimento não começasse dividido e, portanto, correndo sérios riscos de ser derrotado.

Após mais de dois meses de greve, marcados pela incapacidade do Comando Nacional de Greve (CNG) de articular, apresentar cenários e propor alternativas à resistência do governo no processo negocial, a greve dos TAES vem apresentando sinais de fraqueza em todo o país. Muitas das instituições que, supostamente, estão em greve, tem a maioria do seu contingente trabalhando normalmente. As estratégias propostas pelas lideranças do movimento em Brasília não tem finalidade específica, e esforços de mobilização são perdidos, pois não alcançam qualquer objetivo. Haja vista a última Marcha realizada na capital federal no início de maio, e que embora tenha arrancado uma “mesa de negociações”, não trouxe qualquer resolutividade.

O Comando Nacional não produziu sequer uma avaliação de conjuntura que fosse relevante! Na última análise enviada por meio dos “Informes de Greve” (IG), não havia qualquer menção à pauta da greve! Misturou-se um movimento - aprovado em Plenária da Federação e que buscava trazer ganhos para a Categoria, a partir da resolução das questões pendentes da greve de 2012 -, com uma análise sobre a conjuntura do país, às vésperas da Copa do Mundo, numa clara demonstração do real motivo do movimento: desgastar o governo federal em ano eleitoral.

Assim, diante da crônica falta de informações sobre a realidade do movimento grevista dos TAES, a base do SINDIFES, reunida em assembleia geral no dia 23 de maio, solicita ao CNG resposta às questões que se seguem: Quais são os cenários possíveis diante da negação do governo em negociar? Quais são as estratégias para a negociação do eixo setorial? Quais são os limites do nosso movimento? Há levantamento do grau de paralisação das IFES e, internamente, o percentual de paralisação? Como anda a greve nos hospitais universitários? Quais são os Hus (Hospitais Universitários) em greve e qual é o percentual interno dessa paralisação? Quais são os nossos parceiros no processo negocial? Quais são os possíveis interlocutores que podem mediar o processo negocial? A FASUBRA colocou na mesa de negociação com o MEC e o MPOG (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) a questão da suspensão do corte de ponto de trabalhadores da base do SINDIFES?

A base do SINDIFES – UFMG/CEFET-MG/UFVJM/IFMG – informa, que aguarda resposta clara e objetiva a estas importantes indagações. Caso não sejam apontadas, sugere ao CNG que seja encaminhada às bases da Federação uma proposta de saída unificada do movimento, a fim de nos reorganizarmos e juntarmos forças e recursos para novos enfrentamentos, em especial a partir do ano de 2015, quando se encerra o acordo salarial assinado em 2012. O SINDIFES informa, ainda, que caso esta saída unificada não se configure nos próximos 15 dias, a contar da presente data, a nossa base irá propor às entidades que concordam com a nossa avaliação e que tem responsabilidade e compromisso com a Categoria, que se juntem à nós para articularmos, coletivamente, o encerramento do movimento de greve.

Embora reconhecendo que o momento conjuntural é complexo e que movimentos sociais de diversas ordens estão se mobilizando para reivindicar, os partidos e correntes precisam entender que os interesses dos Técnico-Administrativos em Educação são, na esfera da FASUBRA, o que nos norteia. A militância pessoal ou de grupos vem, há muitos anos, tomando tal dimensão que as demandas da Categoria se perdem em meio aos temas difusos de quem quer tão somente usar a Federação conforme seus interesses pessoais e político-partidários. Não é mais possível assistir à destruição de um trabalho que a FASUBRA construiu ao longo dos anos, permanecendo impassíveis diante de uma greve sem dados, sem atualização de informes, com análises pífias, tão somente uma guerrilha de demonstração vaidosa de capacidade de mobilização, ególatra, que intenta levar os TAE’s a servir de idiotas úteis nas manifestações nacionais que estão ocorrendo. Esta disputa interna pode até interessar ao governo, porque ela fragiliza o movimento dos TAE’s, abrindo os flancos para punições e a derrota da Categoria. Num ano eleitoral, é óbvio que os partidos políticos estão “de olho” em capitalizar o sentimento anti-governo de uma Categoria tão ampla como a dos TAE’s, com seus mais de 180 mil trabalhadores. E embora todas as lutas da sociedade sejam intrínsecas às nossas, não dá para fazer uma greve contra “tudo isto que está aí!”. Ela precisa ter foco e objetivo, e servir ao propósito pelo qual foi aprovada: buscar vitórias para a Categoria dos Técnico-Administrativos em Educação das IFES brasileiras.

Dirão algumas correntes da Federação que somos governistas, buscando desqualificar a nossa análise. Porém, se ser governista é dizer a verdade, defender a Categoria, ter compromisso com nossas pautas, aceitaremos esta adjetivação! Existe um preço para manter a sensatez, mas valerá a pena, pois o tempo se encarregará de demonstrar quem está com a razão!

FASUBRA unida, respeito COM e NA divergência, responsabilidade e compromisso com a CATEGORIA DOS TAE’s. Esta, sim, é a luta que queremos e defendemos!

Servidores TAE’s da base do SINDIFES

Belo Horizonte, 28 de maio de 2014.


Sistema Jurídico






  

Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino Universidade Federal de Minas Gerais CEFET-MG Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Instituto Federal de Minas Gerais
Desenvolvimento: DataForge | Najla Mouchrek      | 2014 | Sindifes | Todos os direitos reservados